Carisma e Missão

 

Sob inspiração da Palavra de Vida encontrada em Mc 2,17, nosso carisma se define em ser sinal de conversão para os doentes da alma e caminho de reconciliação com Deus. Nossa vocação, portanto, é ser luz para os que estão nas trevas, sinal vivo de Deus para os que estão perdidos nos tantos caminhos que o mundo oferece. Estão eles tão longe que acreditam não haver mais possibilidade de retorno e, por isso, se encontram com a alma doente, dominada pelo pecado, pela dor da própria exclusão; são vítimas de suas fraquezas e de suas escolhas, que produziram ambientes hostis, onde ninguém mais os quer, nem mesmo a família; foram “jogados fora”, fora da sociedade, do trabalho, dos amigos, da família. Desejamos ser o caminho de reconciliação desses filhos – que sofrem por causa de acontecimentos que marcaram suas vidas e que não puderam superar, causando feridas no corpo, na psique, no espírito – com Deus e a Igreja.

 

Deus, que inspirou em nosso coração o carisma de amar os mais feridos na alma, envia até nossa comunidade grande quantidade de filhos que sofreram ou sofrem abusos sexuais pelos pais, outros parentes, vizinhos ou desconhecidos; filhos que foram oferecidos em rituais satânicos pelos pais; pessoas que foram influenciadas por falsas doutrinas; irmãos que vivem nas ruas e sofrem todo tipo de violência; jovens que vivem sua sexualidade de forma desequilibrada ou que vendem seus corpos numa prostituição deliberada; pessoas que vivem na criminalidade, usam drogas para roubar e roubam para usar drogas; mulheres violentadas e homens violentos; filhos órfãos e pais sem filhos; pessoas que se revoltaram contra a sociedade, a família, e a Igreja; filhos e pais que não se falam e não se perdoam. Todos esses casos são para nós verdadeira oportunidade de amar sem medida como Jesus amou, são presente de Deus e o motivo da existência dos Anjos da Vida. Como Anjos da Vida, somos enviados aonde houver a necessidade e sofrimento do corpo e da alma. Queremos levar vida onde há morte, aos que andam como mortos, sem motivo, sem alegria, sem esperança, sem fé, sem amor.

 

Nosso carisma expressa-se através da forma particular de acolher, com o abraço que o pai deu ao filho que estava perdido e voltou (cf. Lc 15,21), a cada pessoa que adentra a Comunidade. Com grande alegria damos o abraço do perdão, abraço da reconciliação com o Pai. Dessa forma somos caminho de reconciliação desses filhos com Deus e com a Santa Mãe Igreja, sobretudo através do amor que tudo perdoa e os recebe de volta sem perguntar “por que”, mas simplesmente os ama e convida a começar novamente, mesmo sem forças, frágeis, feridos, escaldados. Somos imagem e semelhança do Pai que faz festa à chegada do filho e convida outros também a festejar: “ ‘pois este meu filho estava morto e tornou a viver, estava perdido e foi reencontrado!’ E começaram a festejar.” (Lc 15,24).

 

O caminho de reconciliação com Deus passa, necessariamente, pela reconciliação consigo mesmo e com os irmãos. O Mal encontra oportunidade de agir na vida das pessoas quando elas deixam de exercer o perdão. São Paulo exorta: “Mesmo em cólera não pequeis. Não se ponha o sol sobre o vosso ressentimento. Não deis lugar ao demônio.” (Ef 4,26-27). Por isso, recorremos a São Miguel Arcanjo que, pela divina virtude, expulsou do Céu aquele que acusava nossos irmãos dia e noite (cf. Ap 12,7-10). Sabendo de nossa pequenez, Deus, pela Sua infinita graça e misericórdia, nos presenteou com a proteção e guarda daquele que é Príncipe dos Anjos. Assim como ele, é em nome de Jesus que nós lutamos pelas vidas dos filhos de Deus (cf. Jd 1,9). E é Nossa Senhora, Rainha dos Anjos, quem envia o Arcanjo Miguel. Foi ela que esmagou a cabeça da serpente (cf. Gn 3,15) e, como sua descendência, herdamos o combate contra o dragão (cf. Ap 12,13-17).